Um beijo, um queijo... Deixe ir.

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Confesso que ainda me restava um pouco de sentimento e não sei por que, mas algo lá no fundo me fazia acreditar que um dia você iria voltar a falar comigo. Me agarrei a pequenas esperanças iludidas por um sentimento intacto. Se passaram 2 anos e tudo isso foi se desfazendo pouco a pouco. Depois de tanto tempo, eu finalmente vou soltar essas lembranças e deixar partir o que restou. Me abri para o novo, um lugar desconhecido da qual ainda tenho medo... Porém sei que me fará bem algum dia. Esse novo amor apareceu de repente, fiquei meio desconfiada, ele seria o abraço que eu tanto precisei e esperava? O abraço me consolou naquele dia frio e escuro e eu retribuí, por que senti algo diferente. Não sei o que será daqui para frente, não tenho expectativas e nem ansiedade, mas iremos com calma... Sei que já estamos nos tornando grandes amigos e isso é importante.  Se você gostou, eu não sei, mas segundo minha mãe, se não tivesse gostado, não teria me beijado tantas vezes.

Past continuous - T01 E04 - A foto

Aquela segunda feira estava terrivelmente quente, Camila tinha chego da faculdade toda suada. Depois do banho, desceu para almoçar, apesar de ter lanchado antes de voltar para casa, a fome ainda reinava em seu estômago sem fim. Simplesmente era magra de ruim.
Aquele cheiro de bife acebolado a fazia voar pela escada até a cozinha com uma trilha sonora de pássaros cantando. Como sua mãe cozinhava bem. A boca salivava até que a mágica sumiu quando viu a panela.

- Bife de fígado? - Camila suspirou
- Faz bem para o corpo e para a mente, você está muito magra - Respondeu a mãe séria.
- Eu detesto bife de fígado.
- Mas minha filha, está bem temperado, tão gostoso, fiz até batata frita - A mãe queria camuflar o horror que era bife de fígado com a batata frita. Foi quase. Mas pelo menos a menina comeu tudo.

Vera queria agradar a filha de todos os jeitos, faziam meses que ela tinha terminado com Vinícius e achava que a menina estava numa pior. Via que ela não sorria mais como antes e estava bem séria que o normal, ou melhor, Camila nunca foi séria, sempre foi brincalhona. O coração parecia ter endurecido. Nem o convite de "Timo" o crush do ônibus, ela ainda tinha aceitado. Não que Camila tivesse contado sobre isso para Vera, mas ela bisbilhotou o celular da filha afim de descobrir qualquer coisa que pudesse ser esclarecedor. Afinal, as duas não tinham muito diálogo. Era preocupante.
Depois do almoço, todos ajudaram a limpar a cozinha e cada um subiu para seus quartos para tirar o cochilo da tarde, como de costume. Menos Camila, ela era um zumbi, não dormia tão facilmente. Ficava zanzando pela casa. Barata tonta, como dizia seu pai.
Resolveu assistir um filme, não estava com muito saco para estudar, mas antes, deu uma fuxicada no facebook quando teve uma bela surpresa. Depois de quase 4 meses, Vinícius finalmente deu sinal de vida. Ativou o facebook e estava em um relacionamento sério com fotos e tudo mais. Camila sentiu o coração disparar, como se fosse entrar em erupção. "Como assim?" ficou estagnada na frente do notebook olhando aquela marmota. A raiva tomou conta de todas as parte do seu corpo e não pode conter a cachoeira que se formava em seus olhos. "Como assim relacionamento sério?' - Pensou. As palavras que ele dissera a ela antes de ir embora não pareciam mais fazer sentido. Desligou o notebook rapidamente e se trancou no banheiro. Sentou no chão e apanhou a toalha de rosto colocando na boca. O choro é livre, mas nem um ruído poderia ser escutado. Aquela dor voltou de novo, a mesma que sentiu quando ele foi embora. Quando terminaram.

- Você nunca me amou Vinícius... - Suspirou enquanto abafava os soluços.

Voltou para a cama e decidiu aceitar o convite de Carlos. Seria uma grande reviravolta. O rapaz merecia uma chance.



A fresta de luz atingiu o olho esquerdo de Camila que estava quase acordando. A brisa esvoaçava a cortina e a claridade acendia e escurecia o rosto dela. Abriu os olhos. Era terça feira e não tinha aula. Olhou o relógio e marcava 7:20 da manhã - "Não sou mais a mesma de antes" - Pensou enquanto sentava na cama e tentava se manter acordada ainda. De fato, vale lembrar que Camila tinha o hábito de acordar muito tarde, quando mais nova, por volta das 10 ou 11 horas da manhã, devo lembrar que a alimentação dela, nesta época, era péssima. Por isso era um esqueleto - Como dizia sua mãe.
Pegou o celular e ligou a internet para checar as redes sociais. O whatsapp não parava de apitar, havia muitas mensagens do grupo chato do curso de espanhol. Como esse povo tinha tanto assunto? Em 10 minutos, 200 mensagens.Silenciou o grupo por 1 ano. Silêncio, silêncio, silêncio...
Observou o quarto, lembrou do dia anterior e a desmotivação tomou conta, nem quis lavar o rosto, desceu assim mesmo.

__Vai sair? - Perguntou a mãe assustada
__Não, por que?
__Acordou cedo, é estranho você acordar cedo.
__Quando eu durmo cedo, eu acordo cedo.

Na verdade ela teria um encontro com Carlos, mas não queria dizer que iria sair com alguém. 


O pão de queijo quentinho exalava pela casa de tão apetitoso. Tinham 4. O suficiente para o café da manhã com suco de goiaba. Em seguida, uma fruta. Banana, só para constar. Seu pai sempre dizia que a banana é uma fruta completa e que, ao ingeri-la pela manhã, ficaria com mais energia e pique para suportar o dia. Não que a terça fosse ter algo de diferente. Mas, se estabeleceu um hábito.

__Bom dia, princesa! - O pai disse dando um beijo na testa da filha. Esse  hábito nunca se perdeu. Fazia isso desde... Desde sempre.
__Bom dia, pai! - Suspirou
__O que foi?
__Apenas não dormi bem.

Terminou o café, lavou a louça e subiu. Tomou um banho e ligou o notebook - "verei um filme" - Pensou. Escolheu "O doador de memórias" bem, não era um filme que ela gostaria de ver, mas como ainda não tinha visto, resolveu ver. Levantou e separou a roupa que iria sair mais tarde. Queria estar bem bonita para esse encontro e com certeza iria bater muitas fotos para postar no facebook.

Enquanto o filme carregava, abriu o explorador de arquivos e procurou pela pasta "fotos" e reviveu algumas lembranças de quanto era mais jovem. Passava as fotos e recordou de uma em especial. Ela e Vinicius estavam sentados. Sorriu. Estava bem diferente do que costumava ser, mas aparentava estar feliz... Foi tirada no aeroporto. Quando voltavam de Fortaleza. De repente a tela do notebook ficou movediça, Camila piscou o olho espantada e tocou na tela, consequentemente, tudo começou a tremer e a moça foi puxada para dentro do computador.

- Mãaaaaaaaee - O grito de Camila teve um efeito doopler. Alto e depois diminuído. Até sumir por completo. E o quarto e tudo que estavam naquele tempo, foi congelado.

"Pi pi pi" o barulho do despertador soava pela penumbra de um quarto. Camila estava toda jogada na cama. Sua mãe abriu a porta com tudo e disse:

- Hora de acordar, Camila se não vai se atrasar.
- "Atrasar? Para que?" - Pensou Camila enquanto se virava. Abriu os olhos lentamente - "Desde quando tem goteira no teto do quarto?" - A moça já sentia o coração na boca, quando percebeu que o teto era de forro. Deu um pulo da cama e acendeu a luz.
- O que está acontecendo? - Olhou tudo ao redor assustada. Aquele quarto... Aquele quarto nada mais era, que seu antigo quarto. Antes da obra. Ela sentiu o ar escapar. "Só pode ser um sonho" - "Acorda, Camila" - Não, não era um sonho. Olhou para o celular e viu que realmente não era um sonho. Além de ser o seu antigo celular. A data não poderia estar errada. Realmente era dia 7 de fevereiro de 2011.
Sentou na cama, apavorada, suas mãos suavam frio.

- Camila, ainda não tomou banho? - Vera entrou no quarto novamente e como a mãe estava diferente, Camila ficou pálida.
- O que aconteceu com você, minha filha?

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