Um beijo, um queijo... Deixe ir.

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Confesso que ainda me restava um pouco de sentimento e não sei por que, mas algo lá no fundo me fazia acreditar que um dia você iria voltar a falar comigo. Me agarrei a pequenas esperanças iludidas por um sentimento intacto. Se passaram 2 anos e tudo isso foi se desfazendo pouco a pouco. Depois de tanto tempo, eu finalmente vou soltar essas lembranças e deixar partir o que restou. Me abri para o novo, um lugar desconhecido da qual ainda tenho medo... Porém sei que me fará bem algum dia. Esse novo amor apareceu de repente, fiquei meio desconfiada, ele seria o abraço que eu tanto precisei e esperava? O abraço me consolou naquele dia frio e escuro e eu retribuí, por que senti algo diferente. Não sei o que será daqui para frente, não tenho expectativas e nem ansiedade, mas iremos com calma... Sei que já estamos nos tornando grandes amigos e isso é importante.  Se você gostou, eu não sei, mas segundo minha mãe, se não tivesse gostado, não teria me beijado tantas vezes.

Past continuous - T01 E08 - Desabafo

E de repente, Camila se sentiu sozinha no ponto, com Carlos, o "Timo" parado em sua frente. O sorriso discreto cortou o silêncio.

__Eu lembro de você!
__Lembra? Eu não sei quem é você - Mentira, ela sabia muito bem que ele era.
__Você fazia musculação comigo. Eu lembro, há muito tempo. Nossa, como eu te procurei - Carlos ficou lado a lado dela.
__Jura? Acho que estou lembrando - Ela olhava para a esquerda para vê se o ônibus já vinha e tentava se fazer de desentendida.
__Está indo para onde?
__Vou para o leste - Camila respondeu desconfiada. Queria evitar de ter que ir para o mesmo lugar que ele ou pior, pegar o mesmo ônibus.
__Que pena, eu estou indo para o Shopping - Ele respondeu enquanto Camila suspirou aliviada. O ônibus estava se aproximando, o Leste 305 era o único que passava por lá que iria para aquele lugar. Apesar de servir para Carlos também, mas ela acreditou que ele fosse pegar uma van. Quando deu sinal, sentiu o coração gelar, o rapaz também se aproximou da pista para subir e disse:
__Vou te fazer companhia, esse serve para mim - Carlos sorriu


Os dois sentaram na cadeira mais alta do ônibus, Carlos deixou Camila sentar na janela, ele demonstrava estar muito confortável. Parecia que a conhecia há um tempo, já ela estava muito constrangida. Desde quando ele se lembrou dela?
__Então, você sumiu - Carlos comentava enquanto checava um papel na carteira.
__Eu tive que sair, problemas de saúde. - Camila não olhava para o rapaz. O pensamento estava distante...
__Entendo - Ele se calou, talvez tivesse percebido que ela não estava muito afim de falar. O shopping ainda estava longe para ele descer e não iria mudar de lugar, iria ser totalmente estranho. Quando se surpreendeu com a pergunta.
__Você acredita que uma pessoa possa voltar no tempo? - Ela tinha pensado e repensado várias vezes em como fazer a pergunta. Também mentalizou repetidamente em como ele iria reagir. Não era coincidência encontrar com ele em 2011, já que ele não apareceu em 2011, não que ela se lembrava. Ele se mostrava tão receptivo que por alguma razão,decidiu comentar com ele sobre o assunto.
__Eu não sei te responder, acho que não. O tempo que passa, não volta. Sabe? É como se fosse uma proteção.
__Proteção? - Camila olhou bem no fundo dos olhos de Carlos meio receosa.
__Sim, se tivéssemos o poder de voltar no tempo, a nossa vida seria um caos total. Imagina só, se todas as pessoas soubessem o que aconteceria em suas vidas, se fosse ruim, todo mundo ia dar um jeito de mudar, só que aí que mora o perigo. Mudando até dar certo, isso afetaria outras pessoas. Um caos. O tempo quando passa e não volta, nos dá uma certa lição. Assim aprendemos e evoluímos - Camila ficou em silêncio, realmente, não foi boa ideia desejar voltar no tempo e mudar algo. O curso da vida não pode ser mudado. A primeira lição que ela acabou de aprender. Carlos havia notado que a mesma ficou em silêncio e então completou.
__Esse é o número do meu celular, qualquer coisa, a gente se fala por aí - Levantou, se despediu e desceu do ônibus. Afinal, o shopping estava em cima. Camila anotou e ficou pensando em tudo aquilo. Quase passou direto do ponto onde iria descer, por que tinha mudado de ideia, não queria encontrar Pedro. Mas desceu por que não queria mais estar no passado. Ainda mais depois que Júlio a convidou para uma confraternização. Logo o Júlio. Seu amigo.
Desceu. Ficou parada um tempo na rua larga em frente ao supermercado Italiano. Ainda estava de dia e então caminhou lentamente até encontrar uma casa rosa, a casa de Pedro. Andou até o fim da rua e nada de achar uma casa rosa. Entrou em desespero, não conhecia nada e nem ninguém ali, quando avistou vindo do lado oposto, com uma sacolinha de pão, a irmã de Pedro. Sim, era ela... Se aproximou.
__O... Oi - Gaguejou e notou que ela deu um largo sorriso.
__Olá!
__Você é a Mirela?
__Sim - Ela deu uma risada.
__Então você é a irmã do Pedro, não é? Eu sou uma amiga dele, estava meio perdida por que é a primeira vez que venho até aqui.
__Amiga do Pedro? - Mirela estranhou já que o irmão nunca tinha comentado nada sobre amigas ou muito menos sobre mulheres, mas mesmo assim, fez sinal para Camila a acompanhar.
__Moramos naquela casa ali, aquela verde - Camila sorriu, realmente, a casa ainda não era rosa.
__Não liga para a pintura, ano que vem vamos pintá-la.
__Muito legal, poderia ser rosa, sei lá - Camila riu
__Nossa, uma boa ideia, a mamãe ama rosa.
Chegaram, Mirela abria a porta com uma mão enquanto a outra segurava o pão. Entraram e então a irmã de Pedro pediu para que Camila sentasse, enquanto ela iria chamar o irmão. Camila ficou observando a casa e quando viu Pedro descer as escadas. Levou um susto. O rapaz estava muito diferente de como costumava ser. Os dois se olharam por uns segundos, quando Pedro a olhou totalmente assustado.
__Quem é você?
__Será que eu posso falar com você um segundinho? - Camila levantou rápido do sofá. Naquele momento, ela tinha mudado o passado drasticamente, já que Pedro não fazia parte dele e agora, fazia.
Pedro hesitou um pouco, mas aceitou conversar na varanda da casa, afinal, que mal a menina podia fazer? Ela sabia muitas coisas ao seu respeito. Isso era estranho,
__Você não me conhece agora. Vai me conhecer em 2016 apenas. Na faculdade de biologia. Sei que pode parecer loucura. Mas eu não sabia com quem falar e você é um dos meus melhores amigos. Eu sei que posso confiar em você - Pedro ficou extremamente perturbado. Por um momento achou que ela estivesse brincando. Mas Camila falava coisas pessoais que só uma pessoa que realmente o conhecia (o que eram poucas) saberiam responder. Depois de muita conversa e segredos revelados. Pedro se sentiu convencido.
__Você voltou no tempo. Mas por que?
__Eu não sei. Você precisa acreditar em mim. Eu olhei para uma foto e acordei no meu quarto antigo, nesse ano de 2011.
__Isso é muito bizarro. Mas eu acredito em coisas assim. Não sei como posso te ajudar - Pedro coçava o queixo, agora mais tranquilo. Ele realmente sentiu algo muito especial por Camila. Uma empatia inexplicável.Queria poder ajudá-la, mas como?
__Você me ajuda muito. É um dos meus melhores amigos. Eu vim aqui na cara e na coragem. Sua casa é rosa, em 2016 - Camila deu uma risada, se sentia melhor em ter desabafado.


__É sério? Não diga isso para a minha mãe, ela ama rosa - Pedro sussurrou olhando para a janela da sala.
Os dois trocaram telefones e Camila olhou no relógio, estava tarde já. Ela se despediu de Pedro e foi para o ponto, começou a relembra do que Carlos havia dito. Bem, estava tudo mudado mesmo, não iria fazer diferença se ela fizesse coisas diferentes, também. Quando chegasse em casa, iria ligar para Carlos, o "Timo" crush do ônibus.


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