Um beijo, um queijo... Deixe ir.

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Confesso que ainda me restava um pouco de sentimento e não sei por que, mas algo lá no fundo me fazia acreditar que um dia você iria voltar a falar comigo. Me agarrei a pequenas esperanças iludidas por um sentimento intacto. Se passaram 2 anos e tudo isso foi se desfazendo pouco a pouco. Depois de tanto tempo, eu finalmente vou soltar essas lembranças e deixar partir o que restou. Me abri para o novo, um lugar desconhecido da qual ainda tenho medo... Porém sei que me fará bem algum dia. Esse novo amor apareceu de repente, fiquei meio desconfiada, ele seria o abraço que eu tanto precisei e esperava? O abraço me consolou naquele dia frio e escuro e eu retribuí, por que senti algo diferente. Não sei o que será daqui para frente, não tenho expectativas e nem ansiedade, mas iremos com calma... Sei que já estamos nos tornando grandes amigos e isso é importante.  Se você gostou, eu não sei, mas segundo minha mãe, se não tivesse gostado, não teria me beijado tantas vezes.

Dentro de mim - T01 E02 - Como tudo aconteceu

Quatro anos se passaram desde a formatura do ensino médio. Ana e Caio estavam juntos e felizes. As coisas haviam mudado bastante. Os dois amadureceram e cresceram juntos. Entraram na mesma universidade, porém em cursos diferentes. Alguns amigos como Rita, Miguel e Leonardo, também entraram na mesma universidade. Na hora do intervalo, eles se juntavam para conversar e contar as últimas novidades.
Rita cursava biologia, enquanto Ana e Leonardo cursavam Fisioterapia. Já Caio e Miguel eram do curso de engenharia civil. Caio sempre teve receio em relação a Leonardo, pois entre os quatros anos que se passaram, pode concluir que Leonardo sempre foi apaixonado por Ana, mas nunca teve coragem para se declarar e mesmo ela namorando, ele tentava aproximações já que os dois eram da mesma turma. Só que o rapaz ficava sempre de olho e nunca deixou que o ciúmes interferissem na relação.


Era o segundo ano de faculdade e mesmo sendo um pouco distante de casa, Leonardo estava feliz de estar na mesma sala que Ana e poder reencontrar alguns amigos dos tempos do colégio. Foi surpreendido por Alan, um amigo de mesma classe.

__É difícil competir com um amor de infância, Leo.
__Que? - Leonardo olhou assustado para o amigo.
__Cara, tu não tira o olho da Ana. Disfarça pelo menos.
__A Ana tem namorado. Estais viajando... - Leonardo deu de ombros.
__Sei, melhor tu sair e tentar pegar algumas minas.
__Mina é bomba - Leonardo ajeitou os óculos e passou a mão no cabelo desgrenhado. Ele não cuidava muito bem da aparência, apesar de ser um rapaz bonito.
__Tsc... - Alan balançou a cabeça negativamente e levantou dando tapas nas calças largadas, afim de limpar a areia da roupa. Fez um gesto chamando o amigo a levantar-se também. Do outro lado do pátio, Rita o observava atentamente...

__Amiga, acho que tu deveria prestar mais atenção no Leonardo.
__No Leo? Por que? - Ana dava uma golada no refrigerante.
__Ele não para te olhar pra ti, nossa, parece até que vai te comer com os olhos - Rita cruzou os braços e franziu a testa.
__Bobagem, ele só se sente sozinho e quis ter uma amiga.
__Tu é inocente, na boa. Desde os tempos do colégio que ele tentou se aproximar de ti. Até o Caio fica incomodado e olha que os dois são amigos.
__Rita, olha, se ele gostasse de mim mesmo, então por que ele nunca me disse nada? Eu passei o ensino médio inteiro, solteira - Ana não olhou para a moça e jogou a lata de refrigerante no lixo. Em seguida pegou um guardanapo e limpou a boca enquanto observava Caio se aproximar.
__Eu te digo, fica de olho nele - A amiga deu um beijo na mão e em seguida lançou um tchau se afastando. Ana a observava pular nas costas de Peterson, um rapaz da qual ela gostava, mas que não tinha coragem de dizer a verdade, então se passava por uma "amiga" para ficar sempre perto dele.
__Aconteceu alguma coisa? - Caio deu um beijo no rosto da namorada.
__Não, apenas... Apenas estava vendo a Rita - Ela sorriu.
__Depois ela falava da gente - Caio riu e pegou na mão de Ana.
__O que a "lerdinha" fará depois da faculdade?
__Dá pra parar de me chamar assim?
__Isso é castigo, tu passaste o ensino médio inteiro dizendo que eu era lerdo. Vou te infernizar pelo resto da tua vida - Caio sussurrava no ouvido de Ana, enquanto ela se contorcia de cócegas.
__Nossa, já te disseram que tu é muito chato? Não, não vou fazer nada.
__Então vamos jantar? Tenho algo importante para te dar - Caio deu uma piscada, se afastando da namorada.

As aulas passavam devagar e Ana se matava de curiosidade, o que será que ele queria dar a ela de tão importante? Mal podia esperar a hora de sair e contar a novidade para Rita. De repente, o sinal tocou e os pensamentos foram quebrados por uma pergunta um tanto diferente.

__Ana? Podemos sair hoje? Queria te dizer algo - Leonardo estava parado ao lado de sua mesa e ajeitava os óculos como de costume.
__Oii, Leo, nossa, hoje não vai dar, eu tenho um compromisso com o Caio - Ana se levantou, enquanto guardava os cadernos na bolsa.
__Ahh é claro, então quando tiver um tempo, tu me diz, tudo bem? - Leonardo estava sério e saiu rápido da sala.
__Nossa, quanta raiva, o que tu disse para ele? - Rita entrou na sala logo depois e quase foi derrubada pelo rapaz.
__Eu não sei, de repente ele me chamou para sair e eu disse que não - Ana ficou um pouco pensativa, mas desconversou - Rita, tu nem sabe? O Caio me chamou para jantar.
__E qual é a novidade? - Rita começou a rir.
__Não sei, ele disse que tinha algo para me contar, algo importante.
__Acho que já sei o que é!
__Jura? O que?
__Ele vai embora e vai te deixar - Rita balançava a cabeça positivamente e soltou uma gargalhada que todos os outros alunos que restavam na sala, olharam desconfiados.
__Muito engraçado, sabichona. Agora deixa eu ir, antes que ele vá embora primeiro - Ana saiu se despedindo com um beijo na mão, apressada. Aquele cumprimento era único entre elas, algo que surgiu quando eram crianças. Ana havia caído de bicicleta e Rita tinha perguntado se ela estava bem, ela disse que não. Então Rita disse que se Ana beijasse a mão e desse um tchau para ela, a mesma iria passar a sua dor e então as duas iriam compartilhar aquele sentimento e ficariam melhores. Isso perdurou até naquele momento.
Ana chegou ao lugar onde tinha marcado com Caio e os dois foram para um restaurante que ficava com vista para o mar. Os dois se sentaram na mesa que estava reservada e a moça achou aquilo um tanto demais, não estava nem um pouco desconfiada do que iria acabar recebendo. Quando pergou o cardápio, veio o susto.


__90 REAIS UM PRATO COM ESSE TANTO DE ARROZ?
__Xuuuu - Caio fez um sinal de silêncio, constrangido - Fala baixo, as pessoas estão olhando - Ele riu disfarçadamente.
__Não acha que esse restaurante é um tanto caro, Caio?
__Para o que eu vou fazer, tinha que ser aqui mesmo.
__O que? - Ana engoliu seco e viu o rapaz puxar de sua mochila, uma caixinha aveludada de cor vermelha e voltou seus olhos arregalados para os olhos brilhantes do namorado.
__Apesar da gente estar juntos há 4 anos, nossa ligação vem de muito mais tempo, Ana. Se eu fosse um pouco mais esperto, talvez a gente estivesse juntos desde quando éramos crianças. Sei que não é tão caro ou tão cheio de adorno, mas é um anel especial, que eu mesmo mandei fazer - O rapaz abriu a caixinha e lá dentro tinha um anel de ouro com um adorno em forma de folha, que representava a goiabeira, o lugar onde eles sempre se encontravam na adolescência. Ana com os olhos cheios de lágrimas, não conseguia dizer uma única palavra, quando o namorado continuou a falar - Quer casar comigo? 
__ Como tu é lerdo - Ana levantou e deu um abraço no namorado.
__Não viveremos felizes para sempre, por que eu vou te infernizar, lerdinha... - Caio colocou o anel no dedo da moça e deu-lhe um beijo bem demorado. As pessoas ao redor notaram o pedido e começaram a bater palmas, enquanto os dois riam de felicidade.

O casal terminou o jantar, não devia passar das 21 horas. Os dois passeavam de mãos dadas próximo ao trapiche, enquanto observavam o reflexo da lua no mar, nesse momento Caio avistou uma barraquinha de sorvete e perguntou se Ana gostaria de um. Aquele horário no centro da cidade era bastante movimentado. Muitas casais passeavam, já que no dia seguinte ninguém precisava acordar cedo.
__Não precisa vir, eu vou lá rápido - Caio se afastou da moça, enquanto se dirigia para a barraquinha de sorvete. Como Ana sempre foi muito apegada ao rapaz, ela foi atrás dando passos rápidos afim de alcançá-lo. De repente, um carro veio em alta velocidade e o rapaz estava muito distraído para desviar. Algo o empurrou para longe, fazendo com que ele caísse na pista e batendo na barraquinha, enquanto um barulho muito alto fez todos que estavam ao redor se amontoarem para ver o que tinha acontecido. O carro arrancou sem prestar socorro. Muitas pessoas se aglomeravam, uns ligavam para a ambulância e outros gritavam desesperados. Foi algo muito rápido, mas quando o rapaz finalmente virou a cabeça, pôde ver alguém caído no chão. Ana estava banhada de sangue e inconsciente. Caio tentou levantar rápido, sentiu uma dor na costela, algo nele estava sangrando, mas não ligava. Queria saber o que tinha acontecido com a namorada. Tudo começou a girar, a imagem do rosto desfalecido dela, foi a última coisa que ele viu naquela noite.




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