Um beijo, um queijo... Deixe ir.

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Confesso que ainda me restava um pouco de sentimento e não sei por que, mas algo lá no fundo me fazia acreditar que um dia você iria voltar a falar comigo. Me agarrei a pequenas esperanças iludidas por um sentimento intacto. Se passaram 2 anos e tudo isso foi se desfazendo pouco a pouco. Depois de tanto tempo, eu finalmente vou soltar essas lembranças e deixar partir o que restou. Me abri para o novo, um lugar desconhecido da qual ainda tenho medo... Porém sei que me fará bem algum dia. Esse novo amor apareceu de repente, fiquei meio desconfiada, ele seria o abraço que eu tanto precisei e esperava? O abraço me consolou naquele dia frio e escuro e eu retribuí, por que senti algo diferente. Não sei o que será daqui para frente, não tenho expectativas e nem ansiedade, mas iremos com calma... Sei que já estamos nos tornando grandes amigos e isso é importante.  Se você gostou, eu não sei, mas segundo minha mãe, se não tivesse gostado, não teria me beijado tantas vezes.

Dentro de mim - T01 E05 - O clone


Tinham se passado apenas alguns segundos quando Caio a viu sair do banheiro. Aqueles segundos pareciam 30 minutos. Os dois se encaravam e o rapaz sentiu o peito apertar e o oxigênio sumir. Se não fosse por ela, que tinha corrido ao seu encontro, ele teria rolado escada abaixo.

__Menino, tu estais bem? - Ela o abanava com a mão, enquanto chamava alguns rapazes próximos para ajudá-la a carregá-lo. Caio desmaiou ali mesmo, o choque foi tão grande que seu rosto antes vívido e cheio de energia para recomeçar, acabou ficando pálido, quase como no dia em que sofreu o acidente.
__Ana! - Ele sussurrava incansavelmente.
__Não, Karine! - Ela o olhava desconfiada enquanto o levava para a enfermaria do campus.

Caio estava deitado em uma maca, despertou como se estivesse tendo um pesadelo. Deu de cara com Duarte. Um enfermeiro que ele conheceu, quando ainda estudava.

__Quem diria que iríamos nos encontrar aqui, né parceiro? - Ele sentou próximo da maca.
__Não me diga que me trouxeram para o pior açougueiro do campus - Os dois deram risadas, enquanto Caio tentava se sentar. Meio fraco.
__Tu teve uma queda de pressão. Tu comeu alguma coisa?
__Não, vim direto pra cá. Só que... - Ele ficou em silêncio por um breve momento - Tu vistes quem me trouxe aqui?
__Ahh isso, foi os garotos de Educação física. Veio carregado pelos bombadinhos - Duarte fez biquinho enquanto ria do rapaz.
__Muito engraçado. Me referi a uma guria de cabelos negros.
__Não vi. Só tinha 3 machos - Continuou brincando.
__Alguém parecida com a Ana - Caio olhou no fundo dos olhos do colega e o mesmo ficou sério. Desviou o olhar e tentou achar palavras para tentar confortar o rapaz.
__Já faz 1 ano que ela se foi, Caio. Tu tens certeza que está bem para voltar? O campus está repleto de memórias com ela. Isso começou a te afetar.
__Eu sei o que eu vi. Não estou enlouquecendo - Caio apontou para o braço, para que o enfermeiro tirasse ele do soro - Eu já estou bem. Vou comer alguma coisa.

Ele saiu da enfermaria e foi direto para a lanchonete, já tinha perdido metade da primeira aula, então não fazia questão de aparecer na sala interrompendo o professor. Foi comer primeiro. Chegou no balcão e pediu um completo. Pagou. Puxou uma cadeira e sentou de frente para o lago que ficava a beira do campus. O rádio tocava músicas com gêneros aleatórios naquela horário, mas naquele momento tão perturbador, uma música com início de strings e um piano tão solitário o fizeram lembrar de Ana e todos os momentos que apostavam corrida ao longo do lago e no final, se abraçavam. Quando o canto começou, Caio se debruçou e começou a chorar, sim, a música que estava tocando era a música deles dois. A música que marcou o primeiro beijo deles, na árvore do antigo colégio, "Aonde quer que você vá, o que quer que você faça. Estarei bem aqui esperando por você", ele sempre mantinha isso como mantra quando brigavam, sempre estaria esperando, mas agora, 1 ano se passou e ele não poderia mais esperar. Sentiu alguém cutucar seus ombros.

__Caio? - Ele levantou a cabeça e tentou segurar as lágrimas. Não queria mostrar para quem quer que fosse. Infelizmente, não poderia esconder de Rita.
__Oi, Rita - Ele falou baixinho e com a voz trêmula, enxugou as lágrimas na manga da blusa. Rita deu um abraço no rapaz, sentiu o peso da dor dele. Ficaram assim por alguns minutos. Cristiano, "Seboso" viu a cena e se aproximou. Não tinha ciúmes, muito menos se incomodava com a intimidade entre Caio e Rita, afinal, a namorada já havia contado toda a história e Cristiano sempre se lamentou muito por Caio e a triste história, sabia que o rapaz precisava de amigos por perto e por isso se aproximou mais dele para poder ajudar também. Seboso sabia como era a dor da perda, já que perdeu sua irmã mais velha em um acidente, também, há 8 anos.
Cristiano e Rita estavam com horário vago e se sentaram com Caio, conversaram um pouco e o mesmo falou do desmaio, sem mencionar a moça igual a Ana, porém as coisas iam se encaixando a medida que a conversa ia fluindo.

__Mesmo que 1 ano pareça muito tempo, ainda é uma perda muito recente - Disse Cristiano.
__Eu sei que sim, mas a vida continua e eu tenho que seguir em frente.
__Amigo, ninguém é obrigado a ser forte o tempo inteiro. Quando quiser chorar, chore. Quando quiser alguém para chorar, sabe que podes chamar a mim e ao Seboso ou o Miguel.
__Eu sei e obrigado - Caio sorriu e deu um último gole no suco que havia comprado.
__Tem algo que eu preciso te falar. Eu ia na sua casa, hoje, mas fico feliz em saber que tu voltastes para a faculdade - Rita beliscava os mini salgadinhos na mesa.
__Tipo o que? - Caio ficou sério. Rita e Cristiano se entre olharam meio receosos.
__Achei melhor te contar, antes que tu visses por si mesmo e tenha um troço. Tem uma garota aqui no campus que é igual a Ana! - Rita encarou Caio e se surpreendeu com a reação do amigo. Por outro lado, ele apresentou calma e parecia pensar. Realmente, isso era sinal de que ele não estava doido.
__Eu sei.
__Tu já a viu? - Rita aproximou a cadeira do amigo, como se fosse uma grande fofoca.
__Lembra do desmaio? Isso aconteceu por que eu a vi saindo do banheiro. Eu juro que achei que fosse o espírito da Ana. Eu meio que apaguei de repente. Era igual a ela - Caio fez uma careta.
__Tá, pelas fotos, não é tão parecida assim. A Ana tinha o cabelo cacheado e essa aparentemente tem o cabelo liso - Cristiano lembrou da foto de celular da namorada.
__Mesmo assim, não dá para negar que as duas parecem gêmeas - Rita cruzou os braços.
__Como tu a viu? - Caio ficou curioso.
__Eu estava indo atrás do professor Gabriel quando a vi sair do banheiro. Se ela fosse loira, eu ia morrer do coração - Os dois riram da piada, quando ela continuou - Eu fiquei paralisada. Achei realmente que fosse a Ana de chapinha, não sei, apenas fiquei olhando para ela. Eu senti uma tristeza tão grande. Sei que o campus é grande e que muita gente não conhecia a Ana, mas algumas pessoas já devem ter notado ou pelo menos se assustado achando que era um espírito.
__Tu sabe que curso ela é? - Caio abaixou a cabeça pensativo.
__Não sei, amigo. Mas podemos descobrir, por que eu estou tão abismada quanto tu e o Cristiano. Não sei explicar, eu apenas estou chocada.
__Agora que tu me disse isso, fiquei pensando. Não estou doido, então ela realmente existe.
__Tem mais uma coisa... - Cristiano bocejou e levantou a sobrancelha preocupado.
__O que?
__Lembra do Leonardo? Ele tem frequentado muito a casa dos pais da Ana - Rita desviou o olhar e Caio ficou pensando nisso. Como assim? Que tipo de relação ele tem com os pais da ex namorada?

Aquela fofoca de Rita, estava martelando em sua mente, realmente, depois do falecimento da namorada, Caio nunca mais apareceu na casa dos ex sogros. Falava quando encontrava nas ruas ou nos mesmos lugares que frequentam, mas para um visita mesmo, nunca mais foi. Talvez a situação não fosse ainda boa para aparecer por lá. Mas o que Leonardo queria? A aula tinha acabado e Caio foi guardar os cadernos, o relógio marcava 12:30 quando viu um papel dentro da mochila e lembrou que tinha caído das coisas de Leonardo mais cedo. O pegou e abriu. Dentro do papel havia um outro dobrado na cor rosa que dizia:

"Caio, não liga para a minha letra, nunca foi bonita mesmo. Sou tímida demais para te dizer que gosto muito de ti. Do teu sorriso e do modo como trata as professoras. Queria que tu me visse por que parece que sou invisível aos teus olhos. Acho que tu gosta da Clarinda, só que se tu gostar de mim também, eu te juro que te faço feliz todos os dias. 

Com amor, Ana!
23/05/2002"

Caio engoliu seco, que espécie de carta era aquela? Uma carta que foi escrito há mais de 10 anos?

TEMA DE ENCERRAMENTO - CROWDED HOUSE - DON'T DREAM IT'S OVER

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